No passado Domingo foi colocada a última pedra sobre as esperanças culés no título de La liga , onde mais uma vez se provou que a equipa catalã não foi inferior ao seu eterno rival.
La Liga, Copa del Rey, Supercopa e uma noite infeliz na Liga dos Campeões frente ao PSG , fazem desta época um fracasso em termos desportivos.
O que a indústria do futebol nos tem habituado é que nos tempos que correm, todos querem ter sucesso imediato, e a meio da época Xavi sentiu o calor das brasas sobre si, depois de uma série de exibições bastante sofridas. Se olharmos apenas para os números, qualquer adepto comum pediria a cabeça do treinador.
Ainda assim, não foi surpreendente o anúncio desta quarta-feira do clube em continuar com Xavi para a próxima época. Esse recuo que para mim foi previsível deveu-se por vários fatores.
No regresso a casa, desta feita como treinador e de forma contundente vencendo La Liga e a Supercopa (na Arábia Saudita) em 2022/23, mas com a conjuntura financeira vigente, sabia teria um novo puzzle para montar, e as saídas de Busquets , Jordi Alba ,Dembelé e Memphis Depay (entre outros) tornavam a tarefa difícil para quer estar na elite.
A carência de critério na saída de bola em muitos jogos , foi afetando o rendimento de praticamente todos os jogadores, mas a aposta em Pau Cubarsí de 17 anos veio revolucionar toda a equipa a partir de trás. A forma mais que tranquila de resolver situações de perigo e a qualidade de passe longo deixam qualquer um de boca aberta, que o diga Osimhen nos Oitavos da Champions, que foi uma autêntica nulidade na sombra do jovem central. Vendo as características de todos os elementos da defesa de forma resumida, Cancelo e Baldé os laterais supersónicos, Koundé aporta robustez e Araújo a força , Cubarsí com toda a sua técnica acaba por ser o complemento perfeito dos colegas.
Em Janeiro a vinda de João Cancelo e João Félix, trouxe dinâmicas novas nas faixas laterais e nos espaços curtos perto da área adversária, mas foi em La Masia que alguns problemas foram “esquecidos”. Coloco esta palavra entre aspas , pois nada se compara à influência que tinha Messi, mas Lamine Yamal com os seus 16 anos, em alguns momentos nos faz lembrar o astro argentino , seja no drible , ou nas constantes mudanças de velocidade. Já no Euro Sub-17 se tinha visto o quanto era diferenciado este jogador dos demais, resta saber até onde será a sua evolução. Também nesse torneio sobressaía Hector Fort e Marc Guiu que também já vão entrando na rotação da equipa. Uma palavra também para Fermín López que passou de um jogador mediano de equipa B , a uma das boas alternativas na posição 8.
Xavi teve a capacidade de subir o nível exibicional de alguns jogadores que estavam a colocar dúvidas nos média, como o caso de Raphinha, Ferran Torres e Christensen, este último a actuar à frente da defesa.
Cedo se percebeu que o clube não conseguiria dar ao treinador o antídoto certo para o miolo do terreno, a vinda de Oriol Romeu deu a sensação de ser apenas um “penso rápido” para uma ferida muito saliente. Essa continua a ser a grande dor de cabeça da estrutura, talvez o próximo grande desafio para Deco.
O que terá feito Xavi mudar de ideias e ter decidido ficar? Que projeto desportivo terá Laporta e Deco em cima da mesa ? Todos conhecemos a cultura do Barcelona e de Cruyff, mas se o problema mental em que tanto se falou, de que forma será resolvido? Se há treinador com o conhecimento da cultura do clube é Xavi acima de todos , mas agora que a sua capacidade de aguentar a pressão foi colocada em causa com a sua renúncia, vamos ver nos próximos meses se a evolução da equipa também é acompanhada pela evolução desta vertente do timoneiro.
Opinião do Leitor: Pedro Santiago
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