E SE CORRE BEM? por João Lino


E se corre bem?


Esta frase emblemática que marcou o início do percurso de Ruben Amorim define um caminho de gestão que gostaria de interpretar nas próximas linhas.

É o momento certo para escrever numa altura em que ainda está em jogo a Taça de Portugal, que não fechou o mercado e em que nada está garantido.


A gestão e liderança começam na comunicação.


O treinador do Sporting tem gerido o grupo, estrutura e adeptos com uma forma clara de comunicação, que permite três conceitos importantes para levar a “bom Sporting” o projeto Futebol de 11: Confiança, Compromisso e Foco!


A confiança inicia-se por afirmações de esperança.

“As pessoas perguntam e se corre mal? Eu pergunto: E se corre bem?” Uma frase desta natureza abre uma janela de esperança a um futuro diferente do padrão de resultados conseguidos num passado recente. O abrir a esperança é a ignição para enfrentar desafios e criar uma dinâmica de ambição.


Outra afirmação muito ecoada foi “Onde vai um vão todos!”. Não é necessário referir a importância de algo que inclui e vincula Todos no projeto. Sejam atletas, sejam técnicos, seja estrutura, sejam adeptos. Para que o caminho seja percorrido num desporto coletivo é necessário o envolvimento de todos.


Num outro momento a frase: “Acredito muito nos jovens. Se tiverem talento e trabalharem duro, merecem uma oportunidade.” Uma afirmação que inclui e vincula à participação de todos, desde pequenos. Recrutamento de novas gerações mantém uma Instituição Viva.

A confiança é um elemento multiplicador e liberta o medo, não só sobre os recursos, mas também dos recursos face ao futuro, tanto da estrutura, como dos adeptos. Este processo de integração de convicções é partilhado.


Da mesma forma que Amorim afirma sobre a sua implicação no compromisso: “O papel do treinador é extrair o melhor de cada jogador e criar um ambiente onde todos possam crescer.” O primeiro a colocar em prática o grau de exigência é o líder do projeto. Sempre com a noção do jogo a jogo e com a humildade suficiente para afirmar: “O mérito não é nosso, somos bons a copiar aquilo que achamos bom.”


Quando analisamos a aplicação prática destas ideias, lembro a frase do início desta época: “Se não vencer títulos, saio no final da época.” 

Acabo por ver os três conceitos que afirmei em todas estas frases, mas continuaria nas seguintes ideias:


Utilização racional do plantel
Amorim é adepto de uma gestão cuidadosa do plantel. Com planteis curtos, garante que todos os jogadores se sentem parte do grupo e estão prontos para contribuir quando é necessário. Ele evita sobrecarregar os principais jogadores e mantém o plantel motivado, preparado e incluindo os jovens da formação.


A importância do grupo
“O futebol é um desporto coletivo. A força da equipa está acima das individualidades. Quando todos trabalham juntos, os resultados aparecem.”


A importância do momento presente, o futebol é o momento
“No futebol tudo muda muito rápido. Hoje estamos no topo, amanhã podemos estar no fundo. É crucial manter a humildade e o foco no trabalho diário.”
“Cada vitória é especial, mas precisamos sempre olhar para o próximo desafio. Não podemos acomodar-nos, a ambição deve ser constante.”
E no discurso da varanda da Câmara Municipal de Lisboa: “O nosso corpo está aqui, mas a nossa cabeça já está no Jamor!”


A importância de lidar com a rejeição ou a crítica
“As críticas fazem parte do futebol. Aprendemos a lidar com elas e a usá-las como motivação. O importante é manter a serenidade e confiança no nosso trabalho.”


As frases poderiam continuar por aí fora e voltar a referir os exemplos de Confiança, Compromisso e Foco. Sem querer entrar nas dimensões técnicas, para as quais não tenho qualquer competência, sou simples adepto de bancada. O que vejo é confiança na equipa técnica responsável por diferentes momentos do jogo. Desde os treinadores de guarda-redes e respetiva influência, seja na preparação de bolas paradas, inúmeras vezes vemos Amorim sentar-se no banco para que o segundo (Carlos Fernandes) possa orientar as bolas paradas.


Afirmou que tinha dúvidas da decisão e investimento no Hjulmand, mas que respeitou o scouting do Sporting. Um líder confia e gera confiança. Mantém os pés no chão para conseguir o compromisso de todos. Foca-se naquilo que pode controlar: o próximo jogo. O modelo de liderança desportiva ensina-nos bastante sobre o modelo de liderança a aplicar nas empresas. Sucesso e insucesso estão sempre muito próximos. Como dizia Neto: Esta época iniciou-se no final da época em que o Sporting ficou em 4º Lugar.


Carlos Moedas no seu discurso afirmou algo aplicável ao percurso de Amorim no Sporting: “O sucesso não é definitivo e o fracasso não é fatal!” Ou como a Marisa canta: “É preciso perder para depois ganhar!” Ruben Amorim já experimentou todos os estados de alma na sua carreira desportiva, sabe a fragilidade do momento presente e limita-se a trabalhar no detalhe e no que pode controlar. Não há arbitragens nem justificações periféricas. Afinal a realidade é o próximo jogo!


Nota: Acredito que Amorim trabalhará a moral de Trincão e Pote por não irem à seleção, mas terá um FCP estimulado pela frase do Presidente Varandas para uma Final de Taça espetacular.


Artigo de Opinião: João Lino

Imagem: Sporting CP



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